LONG PLAYS #00
Escrever newsletter é o próximo passo para este blogueiro aposentado? Essa é a edição #00, uma pequena introdução.
“No fundo desse poço achei algo que vale a pena… Long plays.”
Quem escreve?
Sou André Takeda e lá no começo dos anos 00 fui considerado um expoente da nova literatura brasileira. Talvez tenha sido um surto de delírio coletivo, mas a verdade é que fundei e editei uma das primeiras revistas digitais exclusivas para novos autores (a TXTMagazine), publiquei dois romances e um livro infantil, e até participei de um ensaio de moda na revista Trip ao lado da Clara Averbuck e do Ronaldo Bressane. Também fui um indie raiz 😂 e no final dos 90 criei a Poplist, uma lista de discussão por e-mail com gente que se achava superior só porque ouvia Belle & Sebastian, Neutral Milk Hotel e Pulp. Brincadeira (ou não) à parte, não podemos negar que a Poplist teve uma influência silenciosa no cenário cultural do Brasil conectando jornalistas, escritores, bandas, promoters e fãs.
Durante muito tempo escrevi compulsivamente em diversos blogs e zines até quase me aposentar por preguiça e falta de disciplina. Mas acredito que sempre temos algo a dizer. Por isso, Long Plays é mais que uma newsletter. É um compromisso. 🤝
Ah, e até hoje continuam me comparando com Nick Hornby. 🥸
O que esperar?
Long Plays é uma newsletter quinzenal com quatro seções.
Soundtracks é um conto, história curta ou crônica que tem como ponto de partida uma música. Já publiquei várias soundtracks na internet, principalmente no Scream & Yell do amigo Marcelo Costa. Geralmente escrevo estes textos com a música escolhida no repeat e é ela que marca o ritmo do texto.
Eu Quero Ser Amigo é baseado no meu finado Tumblr homônimo. Como diz J.D. Salinger, livro bom é aquele que dá vontade de ser amigo do autor. No meu caso, não são apenas livros. São filmes, bandas, fotógrafos e tudo o que me alimenta da cultura pop.
All The Beautiful Things é uma imagem e nada mais. Há muito tempo que fotografia deixou de ser apenas um hobby. Já passei por filme, digital e agora voltei para o filme novamente. A ideia é focar sempre no analógico.
E, por último, Baires. Vivo e trabalho em Buenos Aires há mais de 15 anos e quero compartilhar com vocês alguns dos meus lugares favoritos da cidade.
Todas a edições terão pelo menos uma soundtrack, mas vou fazer o possível para sempre mandar uma Long Plays completa.
Por que Long Plays?
Escrever para mim é estar em Porto Alegre. Não existe outra cidade, não existem outros personagens, não existe outro outono. A minha memória literária, seja em forma de crônica ou de ficção, me leva a Porto Alegre. Os meus vinis tocando enquanto maltratava a minha velha máquina de escrever Olivetti. O desejo adolescente de querer ser aceito pelos falsos punks do Bom Fim. Ser inspirado por doses iguais de Eduardo Peninha Bueno, Jack Kerouac, Caio Fernando Abreu e Douglas Coupland. Querer ser Edu K. e também Ian McCulloch.
E não existe outra música que me faz sentir esse moody blues gaúcho como “Long Plays” da Pública. É como se o Noel Gallagher decidisse compor uma música com o Nei Lisboa. Não sei explicar direito. É aquela dor no peito que começa com angústia e termina em redenção. Isso mesmo: redenção. Gaúchos entenderão. 😉